sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mala, Navio e Los Angeles



Olá amigos

Este que vos fala já está em Los Angeles – EUA. Havia prometido voltar para postar algumas coisas do pré-embarque, mas como tive menos de uma semana para organizar tudo meu tempo foi muito corrido. De qualquer forma, aproveito e atualizo a minha situação para os interessados.

Vamos por partes.

===== Mala – o que levar

Já viajei para várias partes do Brasil, às vezes para passar meses. Mas nada se compara a se trancar por seis meses em uma monstruosidade metálica flutuante. Dessa forma, na hora de fazer as malas, resolvi não confiar em meu próprio julgamento e experiência (o que é raro) e preferi pesquisar diretamente com agências e tripulantes.

Vi várias listagens sobre o que levar na mala, mas a maioria eu considerei bem supérflua - uma listagem que encontrei recomendava levar nada mais nada menos que 20 tipos de remédios. Achei isso um pouco sem noção... Poxa, será que uma pessoa passa tão mal assim no mar? E se passa, não existe médico, enfermaria, farmácia, loja de conveniência no navio ou em outros países?

Depois de muito pesquisar, eu decidi copiar a listagem desse tripulante:



Achei muito simples e concisa, sem exageros. Só alterei dois detalhes: primeiro, vou levar a minha Bíblia e meu Terço (devidamente abençoado), porque eu não sou bobo. Segundo: coloquei mais camisas, calças e meias. Se seguirem a lista acima não precisam se preocupar com peso, pois a minha mala ficou lotada e pesou apenas 17 kg – aliás, como tripulante de uma companhia americana, recebi uma carta me autorizando a embarcar com 40 kg a mais do que o normalmente permitido. Nem precisei.

===== Sapphire Princess e Itinerário

O Sapphire Princess foi construído no Japão em 2004, e é equipado com mais de 700 cabines com varandas de onde os passageiros podem sair e desfrutar a brisa refrescante do oceano.

De acordo com algumas informações que levantei, o Sapphire seria um tipo de “navio escola” da Princess. Este – juntamente com o Star – possui training rooms e várias cabines extras para tripulação. Ao que parece, é comum o novo funcionário aprender suas funções em um desses dois navios e ser transferido (ou não) para outro navio da frota. Nesse ponto, não adianta reclamar: ao assinar o contrato com a Princess, você dá direito à empresa a lhe deslocar de navio conforme a necessidade da mesma.

O itinerário do Sapphire no perído que estarei embarcado é, nos quatro primeiros meses, basicamente composto de cruzeiros de sete dias entre Los Angeles=Costa Mexicana, Costa Oeste Americana=Canadá, e Canadá=Alaska. As principais cidades (ou pelo menos as mais visitadas) serão Los Angeles, São Francisco, San Diego, Seattle, Juenau e Vancouver.

A partir do final de Setembro (meu quinto mês de contrato), o Sapphire passa a fazer cruzeiros de 14 a 28 dias partindo do Havaí, indo para as várias ilhas desse estado americano e locais como Taiti, Ilhas Samoa, Polinésia Francesa e outras ilhotas do Pacífico.

Caso tenham curiosidade, segue o link da própria Princess explicando os diversos itinerários do meu navio:


===== Despedidas

Essa é a pior parte para quem passa por algo parecido. Como sou uma pessoa mais reservada, preferi não fazer muito alarde do meu embarque nem ficar contando para todo mundo. Dessa forma, um dia antes de embarcar, apenas alguns amigos mais chegados foram em casa se despedir. Minha sogra me deu um terço lindo, e um cartão com a Oração dos Navegantes (vou precisar). No aeroporto, minha mãe, meu irmão caçula e minha namorada foram dar os abraços finais e chorar mais um pouco.

Nesse ponto nem tenho muito que falar... O que passa na cabeça da gente é um misto de ansiedade, alegria e tristeza. Deixar quem você ama aqui é duro. Só posso acrescentar que foi realmente muito sofrida essa despedida.

Mamãe: te amo muito. Sabrina: lembre-se do que prometi. Rafael cabeção: vou sentir a sua falta.

===== Los Angeles – primeiro dia

Fui para os EUA saindo de São Paulo (Garulhos) pela TACA. Fiz uma conexão em Lima e peguei um vôo para Los Angeles pela LAN. Fiquei impressionado com o serviço de bordo em ambas as companias, dão de 10 a 0 em qualquer compania brasileira (inclusive a TAM). Fiquei impressionado também – e muito – com a organização e beleza do Aeroporto Internacional de Lima, além da cordialidade de seus funcionários. Ele chega a ser mais organizado e mais bonito que o de Los Angeles. Será que o país da Copa do Mundo e das Olimpíadas chega lá?

Ainda nesse vôo e aeroporto fiz amizade com um peruano e um sul-africano, ambos gente finíssimas que falavam maravilhas do Brasil e ficavam perguntando coisas sobre novelas e futebol que eu nem sabia responder. Também só sabiam falar do Rio de Janeiro... Fazer o que, a cidade é maravilhosa mesmo...

Já em Los Angeles foi tudo mais simples do que esperava. Na fila da imigração era comum as pessoas serem questionadas durantes vários minutos, tirar novas impressões digitais e fotos, e muitos foram chamados para uma sala reservada para maiores explicações. Na minha vez somente me perguntaram qual o motivo de estar nos EUA (trabalhar em um navio de cruzeiro) e quanto tempo duraria o contrato (seis meses). Depois o agente da imigração carimbou o meu Passaporte e me liberou (não pegou minhas digitais nem tirou foto, coisa que faziam com todos). Quando perguntei se era somente isso, ele ainda brincou que “claro que é, não vê que quero te liberar para eu tomar um café?”.Peguei minha bagagem e o agente me indicou uma fila que não tinha absolutamente ninguém, enquanto as outras estavam lotadas. Esses filas eram para revista da mala, com cães farejadores, scaners, etc. Na minha fila, apenas apresentei o passaporte carimbado e pude passar “ileso”.

Logo após, uma van me pegou e levou ao Hotel Hilton. Ao entrar, vi que a Princess caprichou no meu hotel... Talvez queiram causar uma boa impressão, pois esse hotel é coisa de cinema. Mesmo estando vestido de uma forma mais humilde – para enfrentar mais de 12 horas de vôo a praticidade é mais importante que beleza – fui tratado como um verdadeiro lord, e todos os funcionários primeiro tentavam conversar em espanhol para depois falar em inglês. Eu dou tando na cara que sou latino?   =D

Como tinha o dia todo livre mas não muito dinheiro, apenas andei pelas redondezas (além do mais, pelas minhas contas, voltarei em LA 10 ou 12 vezes... terei outras oportunidades para passear). Uma coisa que gosto de fazer para conhecer uma cidade nova é simplesmente andar sem destino, apenas ao sabor da curiosidade. Saio andando, vejo uma rua interessante e diferente e vou para lá, normalmente até me perder e precisar me esforçar para encontrar o caminho de volta. Passei por umas quatro ou cinco horas nesse ritmo, vi bastante coisa (táxis e ônibus escolares amarelos, viaturas policiais preto-e-branco e limousines brancas realmente existem) e inveitei alguns assuntos para conversar algumas pessoas que me pareciam interessantes. Todos eles ficavam meio desconfiados quando eu as abordava, mas no meio da conversa eu falava que era do Brasil e tudo ficava mais tranquilo. De novo, perguntavam do Rio.

Voltei para o hotel, jantei, mandei um e-mail para minha casa e liguei para a Sabrina, pois não sou de ferro. Depois confirmei na recepção o que já havia sido avisado por e-mail: amanhã (16/04) um representante da Princess irá me buscar às 07:00 horas no lobby, e ao que parece não existem outros tripulantes por aqui hoje.


Amanhã a aventura de verdade começa. Espero que me acompanhem nessa jornada.


 Abraços do mineiro que está cada vez mais próximo do mar.

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3 comentários:

  1. Seu Blog está fantastico cara...boa sorte ai na sua nova jornada!

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  2. desejo-lhe muito sucesso e certeza... continuarei acompanhando,espero que possa continuar postando...
    Abraços

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  3. Parabens marujo!
    Estarei ligado no seu blog, atualize sempre que puder.
    essa rota do navio é otima!
    tenho certeza de que tera muita estória pra contar.
    abracao e mesmo de mto longe estarei enviando energias positivas pra vc.

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