segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Desabandonando o Blog



Olá pessoal... todo mundo beleza?

 Creio que o jeito mais correto de começar essa postagem é fazê-lo de forma quase igual como comecei a postagem anterior.

Desculpem a demora em postar novamente. Havia prometido a mim mesmo que não abandonaria o blog, como infelizmente alguns tripulantes e ex-tripulantes costumam fazer [e como eu fiz por mais de um ano]. Talvez esse post não seja interessante para os novatos no meu blog, mas para os meus leitores antigos sinto na obrigação de informar o que aconteceu.

O motivo do “sumiço” será explicado no decorrer do meu post. Pretendo, a partir dessa postagem, atualizar toda minha situação até agora para vocês e, de forma gradativa, compartilhar tudo que passei a bordo do Sapphire Princess.

===== Onde estou atualmente?

Estou em Minas, comendo pão de queijo e acompanhando meu Cruzeiro – o time de futebol, não um navio. Meu contrato já acabou – na Princess os contratos são de seis meses, lembram? – e atualmente procuro uma recolocação profissional em minha área de formação: Recursos Humanos.

Mas isso não é o que interessa; o que interessa é como eu cheguei aqui, o que se passou; o que vivi e se eu voltarei para o mar ou não. Vamos lá?

===== Os porquês do sumiço

Muitos mandaram e-mails e postaram comentários aqui no blog sobre o que teria acontecido, se após duas semanas de embarcado eu teria dado sign off, etc (só pra acontecer alguma coisa dessas pra gente ver que tem gente que realmente lê o blog). Não aconteceu nada disso. Na verdade, os motivos do sumiço foram realmente bem simplórios, e quando você percebe já se passaram semanas (ou meses?) desde que você fez login na sua conta do blogger para postar ou verificar alguma coisa

Para ficar mais fácil a compreensão do que aconteceu (especialmente para os marinheiros de primeira viagem irem sentindo com é a vida a bordo), elenco os motivos do semi-abandono do blog:

Motivo 1 – Eu disse a uns posts atrás que não imaginava como o pessoal embarcado não conseguia tempo pra atualizar seus blogs. Prometo que, nessa vida on board, nunca mais falo nada sem ter vivido ou ao menos visto. Tempo você tem sim, mas também tem muuuuuuita opção de coisas pra fazer. Por exemplo: praticamente todo dia eu podia descer em algum porto [qual você escolheria: passear em Acapulco ou ficar socado na cabine mexendo nas internets?]; e toda noite (toda noite MESMO) havia alguma coisa diferente no Crew Bar, sem contar coisas pequenas como ir pra cabine de alguém bater papo, cabin partys, lavar roupa, limpar a cabine, treinamentos semanais, ir à academia, procurar uma piscina, cortar cabelo, comer, ir ao Crew Office resolver pendências/receber pagamento, curtir o navio, descansar, dormir, conversar com o cabin mate, jogar conversa fora no Crew Mess, assistis à MTV americana, ver desenhos do Cartoon em inglês, etc. A quem quer embarcar, acostume-se com uma idéia: a vida a bordo é extremamente corrida e louca, as coisas parecem tomar uma intensidade diferente dentro do navio.

A propósito, quando digo “corrida”, não digo simplesmente em relação ao trabalho ou a correria de uma capital... sério newbies, nada em terra se compara à vida a bordo. No navio, normalmente você tem muita coisa a fazer e pouco tempo para isso. Em terra, um banho rápido era uns 10 minutos e fazer um lanchinho era coisa de 15 minutos; no navio aprendi a tomar banho em 2 minutos e a comer bem [mal] em 5 minutos.

Há quem goste e há quem pire rapidinho, mas pra falar a verdade eu gostei, achei um tanto viciante... Eu passava dias sem dar sinal de vida pra minha família ou amigos não por maldade, mas é porque tinha tanta coisa pra fazer que eu acabava sempre deixando para “amanhã”, e pra piorar você acaba perdendo a noção dos dias e o amanhã passava e eu nem lembrava.

Motivo 2 – Meu notebook deu tilt dentro do navio e, além de perder o notebook, perdi meses de fotos e vídeos. Simples assim.

Eu costumava usar na net do navio mesmo, pois quando estávamos em alguma cidade eu preferia passar meu tempo em terra, mesmo se fosse naquelas cidades sem graça que já havia visitado dezenas de vezes (acreditem: algumas horinhas tomando ar fresco fazem toda diferença). Então, um belo dia, meu notebook parou de funcionar. Logo descobri que poderia ser um vírus na rede do Sapphire, porque várias outras pessoas tiverem problemas semelhantes.

Graças a Deus, o IT Officer sempre tomava um lanche de tardinha no Crew Mess, e eu sempre guardava pra ele alguma coisa que ele gostava (alguém pensou em Máfia? Mais pra frente explico o que é isso). Ele se chamava Sander e era um dos filipinos mais legais que havia no navio, típico nerd de computador mesmo: de óculos e com roupas sérias demais pra idade dele. Lembro que quando vi ele pela primeira vez, pensei: “realmente... existem todo tipo de filipinos: bacanas, babacas, playboys, companheiros, tímidos, santinhas, vagabundas, gays enrustidos, gays assumidos, e agora, nerds... rsrs...”. Sei que é bobagem, mas é que eles são tantos no navio que depois de um tempo dá pra encaixá-los em um grupo ou tribo, e fica mais fácil de lidar com eles.

Mas continuando... ele pegou meu notebook pra tentar consertar e viu que o problema era no HD. Ficou com ele quase dois meses, mesmo assim ele não conseguiu resolver. Pra falar a verdade, mesmo de volta no Brasil não consegui encontrar ninguém que conseguisse recuperar meus dados, de forma que as fotos e vídeos que por ventura eu postar são todos da segunda metade do meu contrato, ou de facebooks alheios que peguei por aí. Por sorte, algumas cidades visitei mais de uma vez ou já havia postado umas poucas fotos no Facebook e Orkut, então poderei contar a minha história razoavelmente bem.

Sem notebook, como postar fotos e entrar sempre que eu quisesse, no conforto da minha cabine, na internet? Juntando isso com o motivo nº 1 (que por si só já é razão suficiente para poucas atualizações) provocaram o abandono do blog. Já tinha escrito várias coisas, e como tinha pouco tempo livre me deu uma senhora preguiça de escrever tudo de novo. Fui enrolando até voltar pro Brasil (o que não adiantou nada... voltei e só agora estou atualizando).

===== O Blog voltou à ativa?

Por um tempo sim. Mesmo tendo perdido o HD consegui muitas fotos e vídeos de volta e ainda tenho memórias – algumas boas, outras nem tanto – bem guardadas, que nunca serão esquecidas e que posso passar horas contanto e comentando. Além do mais, fiz uma espécie de diário com as minhas fotos, por isso pretendo periodicamente atualizar o blog, postando sobre os lugares que visitei, as impressões que tive, como estava se desenvolvendo a vida a bordo, os amigos que fiz, etc.

Ainda tenho muita coisa a partilhar com vocês... a vida a bordo é intensa, vivi em alguns poucos meses coisas que não vivi em anos. Espero que me acompanhem.

Disse que o blog voltou à ativa por um tempo, certo? É porque ainda não sei o meu futuro, tenho sentido muita falta [mesmo] da vida a bordo, sempre me pego pensando nos amigos que fiz lá, nos portos e cidades que conheci [caríssimos, percorri a pé a Golden Gate! Pra quem nunca tinha ido nem no Paraguai isso é demais!], sempre fuço no Face dos meus amigos que ainda estão na Ship’s Life, penso na vida de marinheiro e na possibilidade de estar longe de tudo e todos, especialmente dos pequenos problemas do dia-a-dia (contas a pagar, compras em supermercado, trânsito, fila em bancos, problemas com operadoras de celular, gente fútil, pessoas que não saem do seu mundinho, etc).Também sinto falta de conversar em inglês o dia todo e de conhecer gente de um sem número de países diferentes – almoçar na mesma mesa que ucranianos, sérvios, mexicanos, indianos, sul-africanos e dinamarqueses é ótimo, e as pessoas gostarem de você simplesmente porque você é do Brasil... não tem preço.

Por enquanto, eu não sei... talvez eu não reembarque e feche o blog assim que postar tudo, talvez até lá eu já esteja em outro navio, talvez eu me mude pra São Paulo (o mais provável de ocorrer), talvez vá morar com minha irmã no Qatar, talvez eu case ou compre uma bicicleta... Who knows? O futuro a Deus pertence, e não vou ficar perdendo meus cabelos com decisões que ainda não estão na hora de serem tomadas.

===== E finalizando...

Pra finalizar, gostaria de deixar um link interessante pra quem se interessa em embarcar ou só quer mesmo conhecer um pouco dessa vida... trata-se do Grupo “Cruise Ships” do Facebook:


Lá vocês encontram tripulantes de todas as companhias (infelizmente, da Princess ou Disney são mais raros). Eu mesmo participo, embora raramente. Enjoy it!

Outra coisa: FINALMENTE DESCI DO NAVIO!
 
Depois conto com mais detalhes, mas só incitar a curiosidade, deixo algumas fotos pra vocês:

[Cabo San Lucas, México]
 

[Golden Gate, San Francisco - EUA]

[Com amigas em Victoria, British Columbia - Canadá]

Abraços do mineiro!


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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Embarque, duas semanas no navio e otras cositas mas...

Olá amigos


Desculpem a demora em postar novamente. Havia prometido a mim mesmo que não abandonaria o blog, como infelizmente alguns tripulantes e ex-tripulantes costumam fazer. De qualquer forma, o motivo do “sumiço” será explicado no decorrer do meu post, e vou atualizar toda minha situação até agora para vocês. Vamos lá?

===== Dia do Embarque

Conforme avisado ainda no Brasil, no dia do meu embarque uma condução da Princess viria me buscar às 07 horas no hall do Hotel Hilton. A impressão que eu tinha que era o único tripulante lá hospedado logo foi desfeita... Havia mais de trinta, e alguns eu havia esbarrado pelos corredores e pedido alguma informação. De início, já deu pra perceber a mistura cultural que é a vida a bordo, pois tinha gente de literalmente de todos os continentes. Infelizmente eu era o único brasileiro, mas havia um português gente fina que fiquei conversando... Ele tinha “apenas” 23 anos de Princess.

Porém, antes de deixar o hotel, uma infeliz surpresa: havia feito uma ligação para a Sabrina do meu quarto, e não durou nem 20 minutos. O Hilton me cobrou US$79 por isso, e eu devia US$12 pelo acesso à Internet, o que fez com que o meu dinheiro quase acabasse (levei apenas US$100). Nessa hora, já comecei a me imaginar totalmente incomunicável dentro do navio até receber meu primeiro salário – o que realmente aconteceu. Eis porque não postei nada, não respondi nenhum e-mail nem coloquei fotos.

Ao chegar ao Porto de Everglades, antes de embarcar, você passa por uma checagem de documentos, exames médicos e passaporte junto ao pessoal do Crew Office e alguns funcionários da Imigração. Isso leva quase a manhã inteira, e seu passaporte fica retido com a Princess a partir desse momento. Eles explicam que é para a vistoria das autoridades nacionais por onde o navio passa. Logicamente, ao finalizar o contrato ou pedir demissão o passaporte é devolvido. Logo após, você já vai para o navio e o grupo é desfeito, pois os superiores de cada um vêm buscar os novos tripulantes. No meu caso foi o Sr. Paolo, um Maitre D italiano super gente boa.

O primeiro dia no navio é bem confuso. O Maitre D se apresentou, explicou algumas coisas sobre o setor, horários, segurança a bordo, nos entregou dezenas de documentos que deveriam ser lidos o mais breve possível, escala, nametag, cash card, chave, etc., tudo de maneira muito rápida e resumida, pois teríamos vários treinamentos durante a semana para aprofundar tais temas. Então fomos buscar os uniformes, conhecer o refeitório da tripulação (aonde eu iria trabalhar), Medical Center, Crew Office, Human Resources, cabine e finalmente fomos liberados para almoçar. Nesse meio tempo, fiz amizade com um rapaz chamado Gabor, da Hungria. Ele também está em seu primeiro contrato e nunca havia saído do seu país, além de ter o mesmo cargo que eu e não possuir um inglês perfeito. Ele é muito humilde e, toda vez que fala de onde veio, já vai explicando onde fica pois infelizmente ninguém se lembra ou entende. Identificamos-nos um com o outro rapidamente, e ele até agora tem sido o único amigo que tenho aqui.

Após isso, deveríamos descansar e procurar o nosso setor para começarmos nossas atividades. O meu primeiro dia já foi tenso: eu comecei às 14 horas e parei somente às 23, com apenas um intervalo de 30 minutos para jantar. Todo esse período em pé. Confesso que não foi fácil, ainda mais porque, após desfazer minhas malas na cabine, percebi que havia esquecido apenas uma coisa no Brasil: palmilhas para os pés.

===== Cabine

Lembra quando lhe falam na agência de recrutamento que a cabine é pequena? Bondade deles, a cabine é minúscula e o banheiro menor ainda. Entretanto, não deixa de ser confortável. Na cabine tem DVD, despertador, telefone, um armário grande o suficiente para guardar todas as minhas roupas, gavetas diversas, várias tomadas, espaço para guardar as malas, água quente saindo das torneiras, Wi fi e, caso requisitemos, um frigobar. Eu e meus colegas de quarto preferimos não requisitar, pois quase não ficamos aqui e nossas malas já ocupam muito espaço.

Falando neles, eu divido a cabine com um mexicano (David) e um ucraniano (Denys), ambos do mesmo setor que eu. Sobre o David, eu demorei quatro dias para finalmente conhece-lo, pois nossos horários nunca batiam. Como todos os mexicanos que conheci aqui, é gente boa as pampas, anda de chinelo havaiana, é fã de Tropa de Elite, assistiu Rio recentemente e sempre usa a camisa do Corinthians – um baita mau gosto, talvez eu dê minha camisa do Cruzeiro pra ele.

O Denys é, no mínimo, estranho. Ele é meio sério, mas do nada conta uma piada, ri, e volta a ficar na dele. Está no quarto ou quinto contrato e já dividiu cabine com brasileiro antes (só aprendeu um monte de palavrão). Ele também é um alcoólatra, no nosso primeiro dia na cabine ele já abriu uma garrafa de vodka e bebeu quase tudo (mas não ficou bêbado) e praticamente todo dia vai ao Crew Bar – aliás, não tem um dia que ele não me chama para ir até lá. Toda hora ele fica xingando e reclamando de alguma coisa em ucraniano ou falando sozinho, vive falando que odeia a vida a bordo mas mesmo assim sempre volta. De qualquer forma, é o que mais me ajuda, pois além de ter vários contratos já havia trabalhado nesse navio e conhece muita gente aqui.

===== Local de Trabalho

O primeiro dia de trabalho foi ao mesmo tempo cansativo e divertido, pois no meu setor só tem figura. Eu trabalho no Crew Mess – também conhecido como Hell Mess – com mexicanos, indonésios, ucranianos, indianos, um filipino (supervisor do dia) e um português (supervisor direto, o filipino responde a ele). Acima de todos, está o Maitre D italiano que havia falado, e acima deste um gerente (polonês) que cuida de todos os restaurantes. Sempre que os supervisores não estão por perto (o que acontece boa parte do tempo) o pessoal trabalha em marcha lenta e fica contando piada o tempo todo, brincando uns com os outros e com o pessoal que frequenta o Crew Mess e Staff Mess, bebendo vinho escondido e beslicando a comida dos passageiros. Quando os supervisores chegam, todo mundo fica sério e engata a terceira, trabalham rápido mesmo. Ah se eu pudesse gravar...

O trabalho em si é bem fácil e simples. O primeiro problema são as dores nos pés para quem não está acostumado (meu caso). Como esqueci a palmilha, meus pés doíam muito e ficaram inchados, tanto é que cogitei pedir demissão com uma semana a bordo, pois realmente não aguentava ficar em pé. Para minha sorte, o ucraniano que trabalha comigo disse que seu ex-cabin mate havia deixado para trás um calçado e uma palmilha, que ele me deu. Após isso, meus pés melhoraram 90%. Agora, se depender dos meus pés, consigo cumprir o contrato.

O segundo problema são os supervisores pegando no pé, sempre pedindo mais rapidez. Eu estava ficando encucado com isso, pois nunca havia sido cobrado em relação à rapidez em nenhum emprego anterior, mas os meus colegas me tranquilizaram, dizendo que os supervisores são assim com todos, independente de quantos contratos possuem. Acho que eles têm razão, pois não vi os supervisores pegarem leve com ninguém.

===== Treinamentos

Nas duas primeiras semanas o novo tripulante participa de treinamentos quase que diariamente, a maioria envolvendo segurança a bordo – além, é claro, do já famoso Drill Boat. Você pode dar a sorte de tais treinamentos ocorrerem no seu horário de trabalho (meu caso) ou horário de descanso (caso do Gabor), mas seja como for você não pode faltar em hipótese alguma.

Conheci muita gente bacana nesses treinamentos, em especial uma filipina chamada Roan (a única filipina mais ou menos no navio inteiro, diga-se de passagem), uma mexicana chamada Mirian, um carinha muito louco chamado Igor (Sérvia), a ucraniana Anna (que agora trabalha comigo), os instrutores de segurança Peter (Reino Unido) e Paolo (Itália) e o Gerente de Recursos Humanos Ruben, da Holanda (meu xará). Conversei com meu xará e me inscrevi no curso de inglês que existe a bordo, aonde ele é o professor. Como passamos vários dias em alto mar sem poder descer, creio que é um ótimo jeito de aproveitar o tempo sem cair no tédio e aprender alguma coisa. Também fomos apresentados ao capitão do navio, que nos mostrou uma apresentação em slides com enfermeiras gostosonas (ao falar do Medical Center) e bombeiros sarados (ao falar de combate ao fogo). O capitão não foi nenhum pouco sério, e não falou de nada especificamente... só contou vários casos engraçados envolvendo a vida a bordo, soltou piadinhas diversas e fez questão de frisar que ele está mais disponível do que imaginamos, que gostaria de saber o que a tripulação está pensando e sentindo. Coisas assim.

===== Navio

O navio visto por fora é enorme, mas pela televisão/internet parece ser bem mais. Por dentro ele é como um labirinto, bem difícil de acostumar ou se localizar. As cabines para Crew ficam no Deck 3, e elas não tem janelas – aliás, ficam abaixo da linha d’agua, de forma que, dependendo da localização da sua cabine (meu caso) você escuta o mar batendo contra o navio. As cabines para Staff ficam no Deck 4 e as dos oficiais ficam no Deck 8.

A maioria dos setores úteis à tripulação (Medical Center, refeitórios, Crew Office, Crew Area Office, Security Officer, etc.), fica no Deck 4, ao longo do “Blue Corridor”, um tipo de corredor pintado de azul que corta o navio ao meio. Através desse corredor, passageiros e tripulantes também conseguem acesso aos locais aonde o navio aporta, e da janela do Crew Mess dá pra ver tudo.

O Crew Bar, Crew Shop, a Internet Room e a piscina ficam no Deck 8, assim como uma pista de corrida que circunda o navio e proporciona ótimas paisagens e uma brisa refrescante, além de possuir várias mesinhas e espreguiçadeiras. Quando estamos em alto mar esse é meu lugar favorito, ainda mais porque quase ninguém vem aqui.

Uma pausa para falar do Crew Bar: tomem cuidado com essa lugar, é extremamente viciante. TODO DIA tem alguma coisa diferente, e está sempre lotado e divertido. Apenas lembre-se que provavelmente no outro dia você vai trabalhar.

Os demais decks são preenchidos pelos mais diversos setores, todos voltados aos passageiros: restaurantes, cinema, teatro, lojas, SPA, etc. Ainda não visitei quase nenhum e talvez nem visite os outros, pois além de não ter tanto tempo alguns não me interessam. Também não sei se eu tenho acesso vetado a algum setor, pois isso não é explicado no treinamento (apenas exigem que você esteja devidamente uniformizado). De qualquer forma, até agora, pude andar, visitar e conhecer qualquer lugar que eu quis, sem problemas.

===== Tripulação

A tripulação é composta basicamente de filipinos e algumas poucas pessoas de outras nacionalidades. Os habitantes das ilhotas compõem aproximadamente 60% da tripulação do navio e estão em todas as esferas – apesar de serem pouquíssimos os oficiais filipinos, eles existem. A maioria deles são boas pessoas, mas como são tantos deles no navio e como estão bem a vontade aqui (eles tem até canal de tevelivão próprio!), acabam sendo um pouco indiferentes e não se importantando com outras nacionalidades, nem procuram fazer amizade. Possuem alguns hábitos um pouco detestáveis – como mastigar com a boca aberta lotada de arroz ou somente falar em seu idioma horrível perto dos outros. Minha dica é: faça amizade se puder, mas não espere retribuição ou gentileza.

Logo após os filipinos, em número, vêm os indianos e indonésios. Os indianos são maioria na galley e cozinha, mas existe pelo menos um deles em cada setor. Também existem Staff e Officers indianos, mas todos ligados ao Security Officer – a propósito, exceto por um senhor do Nepal, todos do Security Officer são indianos. Já os indonésios só atuam como Crew, em sua maioria nos restaurantes e bares e uns gatos pingados na galley. Costumam ser legais, mas também são beeeeem devagares no trabalho, sempre arrumando uma desculpa para sentar e bater um papo.

Italianos também são numerosos, especialmente na Ponte de Comando, Engenharia e Restaurante (sempre com posições de liderança). Também existe uma Waiter italiana. Alguns são legais e engraçados, outros um verdadeiro pé no saco.

Mexicanos existem aos montes, todos Crew ou Staff, e a maioria trabalha em alguma posição nos diversos restaurantes. Na minha humilde opinião, são os melhores para se fazer amizade: sempre alegres, contando piada, chamando os outros de “cabrón” e “hermosa” e perguntando alguma coisa do Brasil.

Portugueses existem em bom número, a maioria é Waiter, cozinheiro ou supervisor de algum restaurante. São muito bacanas e toda vez que me veem já saem falando português ou inventando um monte de gíria e dizendo que estão conversando em “brasileiro”. Exceto pelo meu chefe (nem os outros portugueses gostam dele), todos são uns comédias.

Existem ainda ucranianos, sérvios, macedônios, romenos e húngaros aos montes, e externamente são todos bem parecidos: brancos, de cabelos e olhos claros. As meninas mais bonitas do navio são as sérvias, com certeza, e elas fazem muito sucesso aqui. Eu os considero os melhores funcionários do navio, especialmente os ucranianos: todos trabalham de maneira ordenada, sem reclamar, sem fazer corpo mole e sempre sérios em tudo que fazem. Só conversando com cada um para perceber as diferenças, e elas são muitas.

Há ainda muitas outras nacionalidades no navio, mas essas contam com poucos (às vezes apenas um) representante a bordo: escoceses, ingleses, alemães, poloneses, sul-africanos, canadenses, australianos, japoneses, russos, chineses da “Grande China”, chineses de Hong Kong (uma moça do SPA, descendente de ingleses), tailandeses, guianeses, peruanos, argentinos, nepaleses, entre outros. De brasileiro, somente eu, um Bartender (Fabian) e uma oficial que não sei qual posto ou cargo específico. O Fabian está há cinco meses no navio e só viu essa oficial umas três vezes. Ontem chegou uma fotógrafa, e daqui a duas semanas um parceiro do RS, Samuel Kaster, irá se juntar a nós. Está começando a ficar bom.

===== Alimentação

Não é tão ruim quanto se lê por aí, mas também não é muito boa. Há dias em que a comida é tão diversa e deliciosa que mais parece comida de passageiro; enquanto há dias que praticamente só tem arroz grudento e umas carnes esquisitas. O que nunca deixa desejar são as sobremesas: sempre bolos e tortas ótimas, além de muito sorvete.

Durante as refeições é que você vê as cenas mais curiosas: no café da manhã você vê húngaros comendo bacon e ovos mexidos, os indonésios comem pão seco e ovos cozidos, sérvios comendo pão e geleia, ucranianos comendo cereais e bebendo litros de suco de maça, portugueses comendo qualquer tipo de pão com MUITO café e os filipinos comem um ou dois pratos de arroz de carnaval (só sai em bloco) e verduras diversas. No almoço e jantar a coisa piora, pois junto a isso tudo vem os indianos com seu terrível Cury – às vezes eles fazem um tipo de prato comunitário, aonde cada um pega uma porção. Acho que já sei como é o inferno.

===== Comunicação

No navio vendem um cartão telefônico internacional a US$10, cuja duração varia do local onde o navio está, normalmente algo entre 45 minutos e 01 hora. O cartão de acesso à internet custa US$20 e garante acesso à internet que qualquer parte do navio (inclusive da cabine), mas é caríssimo: dura em média duas horas e meia a três horas.

Se você veio quebrado para o navio como eu, fique tranquilo: no primeiro dia o RH lhe entrega um cartão telefônico para que você entre em contato com a sua família.

Outra coisa: por US$5, no Crew Shop, você compra um SIM Card com um número de telefone americano. Ótima pedida para caso precise receber alguma ligação do Brasil.

====== Dá pra descer em algum porto?

Sim e não.

Para descer nos portos mexicanos e canadenses, você precisa apenas do seu Laminex – uma identificação de tripulante feita junto ao Security Officer. Entretanto, esse Laminex fica retido durante as suas duas primeiras semanas no Sapphire Princess. Isso acontece porque o navio precisa ter a bordo uma tripulação mínima em caso de emergência (In-port Manning ou IPM), e os novatos sempre estão entre os otários escolhidos para essa função.

Não preciso dizer que você só pode descer nos portos em seu horário de folga.

Para descer nos portos americanos, além do Laminex você precisa do I-95, uma autorização especial da Imigração dos EUA. Toda vez que o navio está em LA, os que ainda não possuem são conduzidos à Imigração para entrevista. O ucraniano que trabalha comigo conseguiu o I-95 dele após quatro meses a bordo, um dos mexicanos só conseguiu no segundo contrato. Da turma que foi comigo, todos os oficiais conseguiram (um português e outro italiano), alguns Staff (eram oito, duas mexicanas não conseguiram, os outros seis eram europeus ou australianos) e dos Crew – que eram cerca de 20, de todas as nacionalidades – apenas dois conseguiram, e este que vos fala é um deles (a outra é italiana). O motivo? Pra variar eu não sei, talvez porque eu tenho o Visa B1/B2. Até o Gerente de RH (meu xará holandês, lembram?) se espantou com isso e me disse que eu era um baita sortudo, pois normalmente eles não dão essa autorização no primeiro contrato, e logo após ele o pessoal do Crew Office veio me perguntar como eu havia conseguido. Vários Crew com mais contratos que eu não obtiveram o I-95. Essa é quarta vez em quatro meses que tenho “sorte” com as autoridades americanas, seria um sinal?

Uma curiosidade: dos que obtiveram o sonhado documento, apenas o brasileiro aqui veio de um país do “Terceiro Mundo” (odeio essa expressão). Todos os outros eram de países ricos (Europa e Austrália), e até mesmo europeus de países mais humildes – como os ucranianos e sérvios – não conseguiram.

De qualquer forma, fiquem avisados: se vão embarcar em algum navio que passe por território americano você tem a infeliz chance de não poder conhecer nada da terra do Tio Sam, pelo menos por um bom tempo. A Princess deixa bem claro que ela não garante que você consiga o I-95, isso é uma atribuição única e exclusiva da Imigração.

===== Minha situação atual

Estou sem poder descer do navio por duas semanas e trancado em outra cabine há três dias.

Eu não posso descer do navio porque estou de In-port Manning. Somente a partir da próxima semana terei essa oportunidade, justamente na última semana que faremos o México. Ainda bem pois, até agora, de interessante nessa vida on board foi só o navio mesmo.

Quanto a estar trancado há três dias, isso ocorreu por que estou de Medical Off. Nos treinamentos que você recebe a bordo, muito se é falado sobre contágio de doenças entre tripulantes e passageiros. Qualquer sinal, ainda que simples, já é motivo para a pessoa em questão ser “interditada”.

O domingo de páscoa foi um dia especial por aqui, com várias comidas diferentes, refrigerante liberado e chocolate às pampas, além de uma Missa Católica. Eu normalmente não como quase nada no refeitório, mas nesse dia aproveitei bastante e comi de quase tudo, e me empanturrei de chocolate. Como resultado, antes de dormir, passei muito mal e acabei vomitando tudo. O Denys, meu cabin mate ucraniano, ficou louco com isso... Disse que se eu não me apresentasse ao Medical Center, ele iria me reportar e eu poderia receber um Warning por isso – um tipo de advertência oficial. Com três Warnings você é enviado de volta pra casa e não trabalha mais na Princess.

No outro dia me apresentei, fiz alguns pequenos exames e preenchi vários formulários, aonde constavam coisas como “o que você comeu nos últimos três jantares”, “quais lugares sentiu os sintomas” e “teve contato com passageiros?”. Preenchi e expliquei que não procurei o Medical Center na noite anterior por não achar que era alguma coisa séria. A médica então ficou super nervosa, disse que essa minha atitude pode causar uma epidemia no navio, que se eu fosse médico eu teria embarcado como tal, que eu recebi os treinamentos e por isso sabia como proceder, coisas assim...

Após isso, recebi uma medicação e fui realocado de cabine, assim como os meus dois cabin mates. Nossa cabine irá passar por um tipo de dedetização e eu ficaria em uma cabine em separado pelos próximos três dias, sem poder sair para absolutamente nada, recebendo comida no quarto e a cada três horas atendendo uma ligação das enfermeiras perguntando como eu estou.

Tenho certeza que só vomitei porque comi muita besteira, só isso... É realmente necessário me prender por três dias? Na primeira noite até achei legal, pois descansei bastante... Agora, a partir do segundo dia já não aguento mais e não vejo a hora de sair dessa prisão: o quarto é minúsculo e sem janelas, onde fico sozinho o dia todo, sem conversar com ninguém, só vendo TV ou mexendo no computador. Prometo que se eu passar mal no futuro vou ficar bem quieto.

===== E agora?

Infelizmente, minha vida a bordo nessas duas semanas foi resumidamente isso: sem México, sem Califórnia, praticamente incomunicável, apenas trabalho e navio.

Na próxima semana poderei descer, e o navio passará por algumas cidades mexicanas muito interessantes: Puerto Valarta e Cabo San Lucas, além de retornar a Los Angeles. Finalmente terei alguma coisa para fotografar e poderei beber muita tequila!

Sei que a postagem de hoje não foi lá muito interessante, mas espero que o tamanho da mesma compense, e sei que servirá para mandar notícias para vários parentes e amigos. Talvez seja útil para o restante da minha turma que não embarcou, talvez seja útil para quem pretende embarcar, talvez sirva apenas como curiosidade. Comentem o que acharam.


Seja como for, espero contar com vocês nos próximos capítulos.



Abraços do mineiro... Ou como diria um famosíssimo mexicano: sigam-me os bons!


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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mala, Navio e Los Angeles



Olá amigos

Este que vos fala já está em Los Angeles – EUA. Havia prometido voltar para postar algumas coisas do pré-embarque, mas como tive menos de uma semana para organizar tudo meu tempo foi muito corrido. De qualquer forma, aproveito e atualizo a minha situação para os interessados.

Vamos por partes.

===== Mala – o que levar

Já viajei para várias partes do Brasil, às vezes para passar meses. Mas nada se compara a se trancar por seis meses em uma monstruosidade metálica flutuante. Dessa forma, na hora de fazer as malas, resolvi não confiar em meu próprio julgamento e experiência (o que é raro) e preferi pesquisar diretamente com agências e tripulantes.

Vi várias listagens sobre o que levar na mala, mas a maioria eu considerei bem supérflua - uma listagem que encontrei recomendava levar nada mais nada menos que 20 tipos de remédios. Achei isso um pouco sem noção... Poxa, será que uma pessoa passa tão mal assim no mar? E se passa, não existe médico, enfermaria, farmácia, loja de conveniência no navio ou em outros países?

Depois de muito pesquisar, eu decidi copiar a listagem desse tripulante:



Achei muito simples e concisa, sem exageros. Só alterei dois detalhes: primeiro, vou levar a minha Bíblia e meu Terço (devidamente abençoado), porque eu não sou bobo. Segundo: coloquei mais camisas, calças e meias. Se seguirem a lista acima não precisam se preocupar com peso, pois a minha mala ficou lotada e pesou apenas 17 kg – aliás, como tripulante de uma companhia americana, recebi uma carta me autorizando a embarcar com 40 kg a mais do que o normalmente permitido. Nem precisei.

===== Sapphire Princess e Itinerário

O Sapphire Princess foi construído no Japão em 2004, e é equipado com mais de 700 cabines com varandas de onde os passageiros podem sair e desfrutar a brisa refrescante do oceano.

De acordo com algumas informações que levantei, o Sapphire seria um tipo de “navio escola” da Princess. Este – juntamente com o Star – possui training rooms e várias cabines extras para tripulação. Ao que parece, é comum o novo funcionário aprender suas funções em um desses dois navios e ser transferido (ou não) para outro navio da frota. Nesse ponto, não adianta reclamar: ao assinar o contrato com a Princess, você dá direito à empresa a lhe deslocar de navio conforme a necessidade da mesma.

O itinerário do Sapphire no perído que estarei embarcado é, nos quatro primeiros meses, basicamente composto de cruzeiros de sete dias entre Los Angeles=Costa Mexicana, Costa Oeste Americana=Canadá, e Canadá=Alaska. As principais cidades (ou pelo menos as mais visitadas) serão Los Angeles, São Francisco, San Diego, Seattle, Juenau e Vancouver.

A partir do final de Setembro (meu quinto mês de contrato), o Sapphire passa a fazer cruzeiros de 14 a 28 dias partindo do Havaí, indo para as várias ilhas desse estado americano e locais como Taiti, Ilhas Samoa, Polinésia Francesa e outras ilhotas do Pacífico.

Caso tenham curiosidade, segue o link da própria Princess explicando os diversos itinerários do meu navio:


===== Despedidas

Essa é a pior parte para quem passa por algo parecido. Como sou uma pessoa mais reservada, preferi não fazer muito alarde do meu embarque nem ficar contando para todo mundo. Dessa forma, um dia antes de embarcar, apenas alguns amigos mais chegados foram em casa se despedir. Minha sogra me deu um terço lindo, e um cartão com a Oração dos Navegantes (vou precisar). No aeroporto, minha mãe, meu irmão caçula e minha namorada foram dar os abraços finais e chorar mais um pouco.

Nesse ponto nem tenho muito que falar... O que passa na cabeça da gente é um misto de ansiedade, alegria e tristeza. Deixar quem você ama aqui é duro. Só posso acrescentar que foi realmente muito sofrida essa despedida.

Mamãe: te amo muito. Sabrina: lembre-se do que prometi. Rafael cabeção: vou sentir a sua falta.

===== Los Angeles – primeiro dia

Fui para os EUA saindo de São Paulo (Garulhos) pela TACA. Fiz uma conexão em Lima e peguei um vôo para Los Angeles pela LAN. Fiquei impressionado com o serviço de bordo em ambas as companias, dão de 10 a 0 em qualquer compania brasileira (inclusive a TAM). Fiquei impressionado também – e muito – com a organização e beleza do Aeroporto Internacional de Lima, além da cordialidade de seus funcionários. Ele chega a ser mais organizado e mais bonito que o de Los Angeles. Será que o país da Copa do Mundo e das Olimpíadas chega lá?

Ainda nesse vôo e aeroporto fiz amizade com um peruano e um sul-africano, ambos gente finíssimas que falavam maravilhas do Brasil e ficavam perguntando coisas sobre novelas e futebol que eu nem sabia responder. Também só sabiam falar do Rio de Janeiro... Fazer o que, a cidade é maravilhosa mesmo...

Já em Los Angeles foi tudo mais simples do que esperava. Na fila da imigração era comum as pessoas serem questionadas durantes vários minutos, tirar novas impressões digitais e fotos, e muitos foram chamados para uma sala reservada para maiores explicações. Na minha vez somente me perguntaram qual o motivo de estar nos EUA (trabalhar em um navio de cruzeiro) e quanto tempo duraria o contrato (seis meses). Depois o agente da imigração carimbou o meu Passaporte e me liberou (não pegou minhas digitais nem tirou foto, coisa que faziam com todos). Quando perguntei se era somente isso, ele ainda brincou que “claro que é, não vê que quero te liberar para eu tomar um café?”.Peguei minha bagagem e o agente me indicou uma fila que não tinha absolutamente ninguém, enquanto as outras estavam lotadas. Esses filas eram para revista da mala, com cães farejadores, scaners, etc. Na minha fila, apenas apresentei o passaporte carimbado e pude passar “ileso”.

Logo após, uma van me pegou e levou ao Hotel Hilton. Ao entrar, vi que a Princess caprichou no meu hotel... Talvez queiram causar uma boa impressão, pois esse hotel é coisa de cinema. Mesmo estando vestido de uma forma mais humilde – para enfrentar mais de 12 horas de vôo a praticidade é mais importante que beleza – fui tratado como um verdadeiro lord, e todos os funcionários primeiro tentavam conversar em espanhol para depois falar em inglês. Eu dou tando na cara que sou latino?   =D

Como tinha o dia todo livre mas não muito dinheiro, apenas andei pelas redondezas (além do mais, pelas minhas contas, voltarei em LA 10 ou 12 vezes... terei outras oportunidades para passear). Uma coisa que gosto de fazer para conhecer uma cidade nova é simplesmente andar sem destino, apenas ao sabor da curiosidade. Saio andando, vejo uma rua interessante e diferente e vou para lá, normalmente até me perder e precisar me esforçar para encontrar o caminho de volta. Passei por umas quatro ou cinco horas nesse ritmo, vi bastante coisa (táxis e ônibus escolares amarelos, viaturas policiais preto-e-branco e limousines brancas realmente existem) e inveitei alguns assuntos para conversar algumas pessoas que me pareciam interessantes. Todos eles ficavam meio desconfiados quando eu as abordava, mas no meio da conversa eu falava que era do Brasil e tudo ficava mais tranquilo. De novo, perguntavam do Rio.

Voltei para o hotel, jantei, mandei um e-mail para minha casa e liguei para a Sabrina, pois não sou de ferro. Depois confirmei na recepção o que já havia sido avisado por e-mail: amanhã (16/04) um representante da Princess irá me buscar às 07:00 horas no lobby, e ao que parece não existem outros tripulantes por aqui hoje.


Amanhã a aventura de verdade começa. Espero que me acompanhem nessa jornada.


 Abraços do mineiro que está cada vez mais próximo do mar.

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