Amigos
Antes do esperado, hoje recebi em casa o meu passaporte (e Visa) e meu relatório médico, em inglês. Ambos são essenciais para qualquer tripulante, e abaixo divido com vocês algumas impressões.
===== Visto Americano
“Alguém entende esse pessoal da Embaixada?”
Não podia iniciar uma nova postagem no blog sem lembrar dessa citação do post anterior.
Mais do que nunca tenho certeza que jamais entenderei esse pessoal. Após eu quase-sair-da-embaixada-chorando-por-ter-ido-mal-na-entrevista-e-pensar-que-tudo-estava-acabado, hoje recebo em casa o meu passaporte com um presente junto.
Vamos do início: quando se é recrutado para uma companhia de cruzeiros americana, é necessária a obtenção dos Vistos Tipo C1 (trânsito) e D (tripulantes, tanto de aeronaves ou navios). Ambos os vistos permitem permanecer nos EUA por até 29 dias [fonte: http://www.greencard.com.br/os_eua/vistos/vistos2.htm], e normalmente são emitidos com validade de até cinco anos – mas conheço tripulantes que conseguiram com validade de apenas um ano. Entretanto, esse acesso aos EUA não é livre: deve-se comprovar junto a imigração, assim que pisar em solo americano, que se está lá para realmente fazer parte de uma tripulação. Isso se faz apresentando contrato assinado, carta convite e uma série de documentos que lhe serão enviados apenas quando você possuir definida uma data de embarque.
Resumindo: para quem pensa em usar esses dois tipos de visto para viajar e/ou imigrar ilegalmente, podem tirar o cavalinho da chuva: não vai nem sair do aeroporto ao chegar na terra do Tio Sam. Se o objetivo é esse, nem pensem em participar de um processo de recrutamento na Staff Work, Infinity e agências semelhantes. Economizem seu tempo e dinheiro, ok?
Mas o que isso tem a ver? Bom, sabem aquelas imensas filas em frente a qualquer Embaixada dos EUA? Lembram também daquelas temidas histórias de vistos reprovados, mesmo com tudo correto? Existem pessoas que contratam despachantes e representantes e agências e conseguem “N” comprovantes de renda e mesmo assim têm o visto reprovado. Todo mundo já ouviu uma lenda a respeito, e teve até novela com esse tema.
Pois bem. A gigantesca maioria desse pessoal está atrás do Visa Tipo B (visitantes), que deve ser categoria B1 (visitantes a negócios) ou B2 (visitantes a passeio, os turistas). O Visa B2 é o mais solicitado e sem sombra de dúvidas o mais recusado de todos. Eu não solicitei esse tipo de visto. Se tivesse solicitado, segundo a lógica (não tinha comprovante de renda, lembram?), deveria ser negado. Como comentei no post anterior, pela entrevista que tive com o Cônsul, acreditava que até os Vistos C e D me seriam negados.
E não é que a Embaixada, ao invés de me conceder o Visa C, preferiu me conceder Visa B1/B2 válidos por dez anos?
Por isso, repito novamente: alguém entende esse pessoal da embaixada?
Parece que meu caso é raro... perguntei para literalmente dezenas de tripulantes e candidatos a tripulantes: absolutamente nenhum deles ganhou esse “presente”. Isso com certeza me abrirá portas, pois se eu precisar de algum outro tipo de Visa no futuro – de estudante ou visto para a Europa, por exemplo – possuir três vistos americanos facilitará as coisas. Além do mais, quando me der na telha eu posso ir para Miami fazer umas comprinhas (não que eu tenha dinheiro para gastar, mas poder ir eu posso...).
Mas porque consegui isso? Eles foram com a minha cara? Eu pareço americano? Não tenho cara de imigrante? Ou seria apenas sorte? Talvez seja um pouco de cada um desses motivos, talvez não seja nenhum deles.
Quem tem fé, já sabe qual o motivo.
Vivo dizendo que quem reza consegue. Às vezes consegue mais do que espera.
===== Exames Médicos
No mesmo dia do passaporte recebi os resultados dos meus exames médicos realizados em São Paulo, devidamente traduzidos para o inglês.
Até aqui, sem novidades nem surpresas: estou com a saúde perfeita. O único porém é que o médico colocou no meu relatório que não passei no teste de cores Ishihara (para identificar daltonismo, saiba mais aqui). Já sabia que era daltônico desde criança, e meu tipo de daltonismo é leve: enxergo as cores perfeitamente (tem gente que enxerga em preto e branco), mas se em alguma cena estiveram juntos vermelho e marron ou azul e roxo, por exemplo... já era, não sei qual é qual. Ou seja: enxergo as cores, mas às vezes as confundo um pouco.
É uma bobagem, com certeza, ainda mais se levarmos em conta meu cargo. O médico até falou comigo que isso não me impedia em nada para trabalhar no navio, e no próprio relatório existe um campo aonde fala que o resultado do Ishihara só é relevante em cargos relativos a “Deck and Techinical department” – definitivamente não é meu caso.
Se é assim, porque esse louco desse médico teve que colocar isso no relatório? Espero não ter problemas com isso.
===== Passo seguinte
O passo seguinte é enviar para a Staff Work cópias desses e de alguns outros documentos, e aguardar a orientação que eles irão me dar.
Acredito que a orientação será exatamente essa: aguardar. Assim que receberem minha documentação, a Staff enviará para a Princess e essa definirá meu navio e data de embarque. Pode ser esse mês, pode ser em Abril.
Gostaria de não ter que esperar muito. Sou paciente, mas a cada dia que passa – e a cada amigo que embarca – fico mais ansioso pelo dia que também estarei on board. Nenhuma experiência em terra pode ser comparada a essa que terei futuramente, e não vejo a hora desse futuro se tornar presente.
Até lá, espero que me façam companhia.
Abraços do mineiro.
[Meu American Visa D. Obrigado meu Deus!]
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